Mestre sapateiro
sediado em terra singela;
martelo na sola,
martelo ao sol,
mão que segura a sovela
conduz o cerol.
Avental posto
conforta o sapateiro;
formas de madeira,
curvas formosas,
desenho de um roteiro
trilhado pelas suas costas.
É o peso do final do labor;
sim, a dor que ele carrega
a fome supera,
— mais forte é o amor
na casa que o espera.
São caminhos,
rumos e encruzilhadas;
são solas que
por esta estrada fora
seguem imortalizadas
em pegadas de outrora.
De regresso,
já com os sapatos na mão,
esquecemos quem somos
e voltamo-nos a calçar.
Fotografia de Eidia Dias
Muito bom! muitas felicidades! 🙂